domingo, 23 de dezembro de 2007

Reclamar

Recebi alguns e-mails de pessoas dizendo que eu deveria parar de reclamar e fazer mais minha parte. Ok! Mas eu já faço. Só que apenas fazer sua parte, solitariamente, não irá adiantar muito, até mesmo porque não será possível se aguentar por muito tempo. Enquanto todos os que estão decepcionados com as práticas erradas não se mobilizarem e se unirem, nada mudará. Não se pode cansar. Não se pode desistir porque não conseguiu resultados. As mudanças são lentas, mas, ao invés de tentarem desanimarem-me dizendo que isso não vai pra frente, que já foi tentado e pouca ou quase nenhuma coisa mudou - e assim, de certa forma, ficar do lado da imprensa vagabunda - por que não se unir e ser mais uma voz contra as comunicações do Piauí e do Brasil? Não quero destruir a imprensa, tampouco acabar com o lucro. O lucro é importante e vital para qualquer empresa, mas como já disse no manifesto, que o dinheiro não seja o principal e único motivo para se trabalhar com comunicação, mas sim a ajuda à sociedade.

Outra reclamação é que eu apenas critico e não mostro soluções. Certo. Digamos não seja minha responsabilidade mostrar soluções, já que não sou dono de nenhum meio de comunicação e apenas estou numa função de mostrar as falhas. Mas, se desejam, apresento soluções (que são inúteis se não forem postas em prática):

Para os veículos:

- Investir na capacitação do jornalista. Chega de jornalista que não sabe nem escrever direito, que não conhece a cultura nem da própria cidade. A empresa deve procurar profissionais mais capacitados (coisas que poucas em Teresina fazem, escolhem mais estagiários pelo baixo preço) e também pagá-los para capacitação (viagens, cursos, congressos etc).

- Contratar profissionais formados. Esta é mais uma continuação da dica anterior. No caso, esquecer os estagiários que lotam as redações e dar mais espaço pros formados, que, ao menos teoricamente, possuem mais capacidade. Isso não significa também excluir os estagiários, mas que eles não sejam maioria na empresa.

- Procurar elevar o nível da informação. Se o Ronda é um programa de baixo nível e o Amadeu Campos um apresentador sensacionalista e opinativo e mesmo assim os dois são líderes de audiência, isso não é culpa dos telespectadores, mas sim da imprensa que durante anos injetou a falta de qualidade nas pessoas. Se todos os meios começarem a selecionar e melhorar suas notícias (atenção Arimatéia Azevedo e Paulo Guimarães!), o nível de exigência da população vai melhorar.

Para os profissionais:

- Não esperem que os veículos invistam em vocês. Comprem livros, leiam muito, façam cursos etc. Não se deixem seguirem apenas pelas ordens dos meios que trabalham, procurem sempre fazer o melhor e ajudar a sociedade.

- Procurem não dar opinião em suas informações. Talvez isso seja difícil, mas controlem suas emoções na hora de redigir suas notícias. A maioria dos jornalistas e jornais, principalmente da televisão do Piauí, adoram expor suas opiniões e isso não deve interessar o telespectador.

No mais, espero que as "dicas" sirvam de alguma coisa. Pelo menos para pararem de dizer que não trago soluções. Espero que não desistam.

5 comentários:

giuliano disse...

Os veículos querem menos profissionais formados justamente porque precisam manipular os seus funcionários quanto ao direcionamento das suas opiniões e de seus textos.

É o mesmo esquema da desigualdade social. Uma sociedade mal-educada não reclama.

Anônimo disse...

Pessoalmente, não acho que você queira denegrir a imagem de ninguém. Não acho também que você não tenha apresentado propostas para solucionar o problema, ou os problemas, ainda que já discorde de coisas publicadas no blog. Só acho que o caminho não é esse, e que vai se levar muito, mas muito tempo para que essa situação mude (e, acredite ou não, algumas poucas coisas já mudaram).

Só uma nova crítica: ver gente da nova geração com senso crítico é algo empolgante. Ter ciência das dicas aqui listadas, que não deveriam ser nenhuma novidade para todos da área, também é importante para se saber como aplicá-las, como fazer com que elas aconteçam. Mas descrever o blog depois do "sucesso" do manifesto como uma fonte "para os iniciados que tiverem a inteligência e ousadia de usarem as críticas para a própria evolução" é algo pretencioso, para não dizer um tanto pedante, para um estudante e até para muitos profissional de Comunicação, e nisso me incluo.

Sugiro a criação de uma lista de discussão na internet, ou comunidade no Orkut. Creio que será melhor vista por um número maior de pessoas do que um blog com a descrição acima, e comandado por uma única pessoa.

Sid disse...

Não é necessário fazer apenas uma coisa. Já participo de várias listas de discussões e do orkut também, algumas comunidades daqui do Piauí e outras de fora, e as idéias são sendo trocadas. Só não entendo o que você vem fazer neste blog. Nada contra, o espaço é aberto. Mas primeiro você diz que o manifesto é algo interessante, mas não é bem por esse lado. Critica a inteligência e a necessidade que os jornalistas tem de lerem excessivamente. E você diz que falta sua parte para melhorar o jornalismo, mas que parte você faz? Vejo-o apenas sempre defendendo os meios de comunicação ou dizendo que esse é o meio mais lento. Não falo que faço minha parte, nem estou aqui para isso, estou para mostrar as falhas do jornalismo piauiense e ficar dizendo - como você faz - que isso é o óbvio, é algo útil? Acho que não, mesmo porque enquanto as pessoas se calarem, como você mesmo disse que desistiu e faz sua silenciosa parte, nada mudará. Você vai ficar aceitando que as coisas são assim e pronto? Eu não. Este blog, provavelmente, não mudará nada do jornalismo do Piauí, no máximo, chamará atenção de pouquíssimos e tenho noção disso. Mas estou de um lado, defendendo o que acredito. E você? Eu gostaria de saber. Eu lhe conheço como o rapazinho comum que cuidava do Piauí Pop, apenas isso. Li no seu blog umas coisas do tipo "ai, que dor no corpo, ai que dor de cabeça. Como é bom trabalhar no Piauí Pop". Nada contra o evento dos adolescentes, mas gostaria de saber o seu objetivo aqui, fica em cima do muro, querendo parecer neutro, mas deixa escapar alguma mensagem por trás de seus comentários.

Anônimo disse...

Hahaha!! Sou o rapazinho do Piauí Pop!! E o que mais? Já procurou saber? Andou lendo jornal nos últimos três anos? Parece que não. Procure os defensores do jornalismo especializado, e alguns nomes do jornalismo esportivo no Piauí e fora dele, para tentar saber. Aliás, se quiser. Talvez você ache o esporte a lata do lixo do jornalismo...

Pelo que escreveu, não devo mais andar nesse blog, e sim continuar fazendo a minha parte, ao meu modo, para mudar essa situação. E nos três anos que trabalhei nos meios impressos, percebi muitas mudanças boas! Afinal, não preciso usar meu blog para querer me transformar no "intelectual" do jornalismo piauiense. E como não sou nenhum "iniciado" querendo usar as críticas para a própria evolução, tenho de concordar com você: perdi meu tempo.

Mas o perdi porque acreditei que poderia ajudar na discussão. Perdi porque esperava ver no ar a discussão sobre os problemas específicos, como você começou timidamente nas postagens desta terça-feira. Mas vacilei, porque em nenhum momento você concordou nas entrelinhas que, além de sabedoria, esperteza e sensibilidade, é preciso humildade, e não falsa modéstia, para se fazer jornalismo. Mais ainda, para se ter credibilidade para se fazer essas críticas.

Receba meus mais sinceros votos de boa sorte e feliz ano novo. Espero que, cada um ao seu modo, consiga fazer sua parte para mudar essa situação.

Anônimo disse...

Ah, só pra fechar:

"Vejo-o apenas sempre defendendo os meios de comunicação" - atribuir a parte maior da culpa aos jornalistas é defender os meios de comunicação?

"Critica a inteligência e a necessidade que os jornalistas tem de lerem excessivamente" - vovó já dizia que tudo em excesso faz mal. Vá para a rua fazer matéria e entenderás.

"Não falo que faço minha parte, nem estou aqui para isso, estou para mostrar as falhas do jornalismo piauiense e ficar dizendo - como você faz - que isso é o óbvio, é algo útil?" - mostrar as falhas não é fazer a sua parte? Então o que é? E dizer que isso é óbvio é útil, sim. É preciso saber que a solução não está em apenas saber isso, mas sim fazer.

"fica em cima do muro, querendo parecer neutro, mas deixa escapar alguma mensagem por trás de seus comentários. - caramba, fui tão direto... Tentei ser uma segunda voz aqui, proporcionar uma maior discussão, e tentar ver se conseguia fazer você baixar um pouco a sua bola, para que você tivesse credibilidade maior no meio para fazer suas críticas. Mas se você não conseguiu ver por trás dos meus comentários algo que estava bem na frente, paciência.

Para completar, enquanto cheguei a o defender, no meio você já é tido como um pseudônimo, além de ser conhecido pelo ar de "superioridade". Nas apostas, você é um vereador da direita, ou um jornalista das antigas.

Mais uma vez, boa sorte na empreitada e feliz ano novo.