sábado, 29 de dezembro de 2007

Há alguns dias, sugeri uma pauta sobre o problema que o Piauí sofre na hora de comprar passagens para algumas cidades do Nordeste como Recife, Natal, João Pessoa, Maceió etc. Então vejo a triste reportagem do Diário do Povo, sobre o crescimento do movimento na rodoviária, não precisava mostrar um problema em si, como era minha sugestão, mas podia ser mais apurada e mostrar fatos mais reais. Deve ter sido feita às pressas, sem planejamento, tanto que nem deu tempo de falar com o diretor da rodoviária. Vamos a análise:

O título afirma que "Movimento na rodoviária aumentou 200%", mas ao ler a reportagem, percebe-se que apenas uma pessoa afirmou isso, que a repórter nem chegou a citar a tal empresa, falando sobre o aumento "disse o encarregado de vendas de uma empresa que oferece linhas para o litoral Leonardo Alves. " Qual empresa? Pode ser uma pequena, que tinha 10 passageiros e passou pra 30. A opinião dele não significa nada, muito menos um aumento de 200% de todo o movimento na rodoviária.

A reportagem diz: "Ainda pela manhã uma fila se formou em frente ao guichê dessa mesma empresa, mostrando que a maioria dos teresinenses deixa para comprar a passagem na última hora." - Não vou contar a repórter, é segredo e ninguém sabe, mas a fila se forma de madrugada, toda hora tem fila até em dias comuns, imagina nas férias.

E continua. Não confiando na opinião do "encarregado de vendas" de uma empresa misteriosa, a repórter foi perguntar ao "auxiliar de catracas do terminal", sim, isso mesmo, não se engane, aquele homem que autoriza a passagem com uma assinatura no setor de embarque. O homem não sabia de nada, obviamente, pois não era sua função, mas isso não é problema: "O auxiliar de catracas do terminal, Antônio Félix, não soube estimar o número de passageiros que passaram por ele antes do embarque, mas ele diz que a movimentação será ainda maior hoje." Com as duas fontes confiáveis, a matéria ia sair perfeita, se não precisasse averigüar mais alguma coisa. Primeiro, a repetição: "Pelo menos num posto de vacinação instalado na frente da rodoviária pelo menos 850 pessoas já tinham sido vacinadas contra a febre amarela até ontem." Pelo menos isso ela não prestou atenção.
E a segunda é a opinião de uma técnica em enfermagem: "Independente do destino escolhido pelo passageiro, a vacina pode ser tomada por todos que passam por aqui, principalmente para os que viajam para Goiânia, em Goiás, onde há suspeita da doença”, disse a técnica em enfermagem Lúcia Silva. " - Tudo bem, era só a opinião da técnica, mas não custava dar uma pesquisada e saber que existe o risco de febre amarela no Piauí também e imagino que existam mais pessoas que vão para o interior do nosso estado que para Goiânia. Veja aqui reportagem da Folha de São Paulo sobre a febre amarela estar presente no Piauí (lá na parte da doença citada).


Ah! Ainda tem a foto da matéria, onde a legenda diz: "Número de passageiros superou o ano anterior, em vendas". Não vi, devo ter sido desatento, mas qual o número de passageiros do ano passado? E deste ano? Nem isso se diz na reportagem.

2 comentários:

giuliano disse...

Quarenta e quatro reais a passagem pra LC. Com mais três você vai para São Luís. É o incentivo que se tem para viajar para o Piauí.

Agora, parece mesmo que é um cartel lá, já que não tem o nome da empresa que vende as passagens nesses valores.

Bom, quanto ao geral da reportagem, se a repórter for a rodoviária de novo, talvez ela consiga se surpreender com as novas estatísticas se entrevistar pessoas diferentes...

Anônimo disse...

Você diz que no seu blog não serão feitos comentários com o intuito de destruir ou denegrir a imagem de ninguém. Mas cita o nome dos repórteres, em algumas matérias, em outras não. Qual o critério que você utiliza? Você não está expondo os repórteres assim?