sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Como comprar a imprensa do Piauí - Continuação
No Manifesto contra o Jornalismo Piauiense, escrevi que os jornalistas piauienses são, em sua maioria, babões, que adoram um gracejo e um presentinho barato. Depois da festa do empresário João Claudino foi a vez, na última segunda-feira, do senador Heráclito Fortes agradar a imprensa. Distribuiu coisas caras como notebooks, passagens aéreas, livros etc. A jornalista Nádja Rodrigues, da TV Cidade Verde, contente em ter ganho alguns livros de baixa qualidade literária ainda brincou: "Livro é cultura!"
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6 comentários:
Para você, o que é livro de qualidade duvidosa? Cuidado para não extrapolar em suas críticas. Começou bem, não vá se empolgar e falar por falar.
Não fui, mas soube que na relação de livros estava "O Abusado", de Caco Barcelos. Adorei esse livro.
Livro de baixa qualidade literária são os livros que são vendidos rapidamente apenas porque conseguem uma boa propaganda e não por serem trabalhos com conteúdo interessante e bem trabalhados. Alguns exemplos que estavam na lista era Alô Chics, de Gloria Kalil ou 1808, de Laurentino Gomes. Os dois tratam seus respectivos temas de forma superficial. Mas, as críticas aos livros em si dariam uma resenha literária.
Pelo visto, os livros citados, portanto, não seriam livros "dignos" de um jornalista. Todo livro tem que ser "profundo"?
Parabéns pela iniciativa de comentar esses assuntos, mas discordo desse comentário. Creio que essa é uma visão superficial. Jornalismo não depende de intelectualidade.
Jornalismo não depende de intelectualidade? E depende de quê? Se você disser: observação, audácia, ousadia, contatos etc. só dá pra conseguir essas coisas com um intelecto, não é mesmo? E livro não tem que ser profundo, cada um escreve o que quiser e quem quiser que leia, não sou contra a superficialidade. Mas todo jornalista tem a obrigação de conhecer os clássicos, ler bons livros, conhecer boas músicas, bons filmes etc. Não precisa ser um apaixonado por essas coisas, mas precisa conhecer e estudar. Já percebeu como os estudantes de jornalismo do Piauí quase não lêem? Não falo todos, mas a maioria não lê nada. Caramba! Jornalista tem que ler tudo, conhecer Goethe, Cervantes, Dostoievski, Machado de Assis, Assis Brasil, Nelson Rodrigues e tudo o mais, desde literatura mundial a filosofia e muito mais. Mas o que acontece? Existe uma "estória" que Amadeu Campos afirma que o maior orgulho dele é ter se formado em jornalismo sem ler um livro. Isso é motivo de orgulho? A imprensa piauiense precisa se tornar mais culta, mais inteligente. Isso não significa se distanciar do "povo", mas quando a imprensa sai desse nível de sensacionalismo barato e começa (todos, é claro, apenas um não dá) a oferecer notícias mais inteligentes, mais embasadas, quando o jornalista sabe escrever, aí os leitores também vão evoluindo e vão selecionando mais suas notícias, aquela baixaria vai ficando pra trás. Mas acontece que a maioria é de baixaria, todos já se acostumaram com isso e no Piauí praticamente só tem isso. Acabou. O leitor está preso, sem saída, para ele, sobra apenas a mídia nacional (algumas) e... os livros. Abraços!
Falo do sentido distorcido da palavra "intelectual" que a sociedade incorporou, de pessoas superiores que conhecem mais do que os outros, estudiosos profundos, etc... Mas jornalismo depende muito de emoção, de sensibilidade. Nessas horas, você pode ter lido Foucault de trás para frente, mas não vai adiantar muita coisa. Esse "intelectual" do qual estou falando sabe mais teorias do que prática, e em sua maioria é distante do povo.
O que quero dizer é que não somos ninguém para dizer o que é bom ou ruim. Não temos que ler só os "bons" livros, ver apenas os "bons" filmes, ouvir "boas" músicas para ser jornalista. Temos que conhecer todos eles. Só podemos falar do mundo se conhecemos o mundo, tanto o que chamam de bom como o que chamam de ruim.
O jornalista não precisa ser o intelectual que a sociedade conhece. Aliás, é melhor que não o seja. Vão confundi-lo com o dono da verdade, o que ele não é. Até mesmo na hora de julgar, por uma única frase, quem foi a um evento de um senador.
Os jornalistas, diga-se, os jornais já são popularmente os donos da verdade.
Juntando a experiência de um jornalista na arte da sua profissão e o conhecimento obtido pela pesquisa, o que envolve a própria literatura, como não se tem um profissional mais capacitado a trabalhar com a informação e transmiti-la para a população?
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